sábado, 25 de setembro de 2010

O mapa da porta do inferno

o mundo está louco...
lembro de ter entregado-me,
ao adormecer de minhas atitudes...
contudo...
recantos estranhos descortino.


ando às ruas,
pigarreiam as núvens,
trovões dourados,
eis nublados,
céus indomes.


como gárgoras, às varandas,
prostram-se ao fitar alheio,
pitorescos rostos deformes,
sombrio caminho,
onde não há dia nem noite.


procuro, espero...
que nasça uma flor,
fantasmas levam-me ao desespero,
compartilhando sua dor.


seguem meus passos,
enlaçam os traços,
do medo...
num mar de insanidade,
logra a linha da escuridão.


fita à treva...
treva aloja-se ao meu corpo...
corpo tal afasta-se do local...
local qual persegue minha mente...
mente enlouquecida grita...


à fuga delirada...
espavorida,
estupefata,
perseguem os espíritos,
tantos ritos,
visão, que quaisquer sensatez... mata...
escritos,
os pergaminhos,
dos caminhos,
ào inferno.


volta, contrasta,
sombras cada vez mais tomam,
minha consciência,
--- "eu não posso cair"---
--- "não poerei-me a entregar"---


como gárgoras, às varandas,
prostram-se ao fitar alheio,
grotescas silhuetas insones,
perduram imóveis, vampíricas...
onde a penumbra impõe-se.


anseia o segredo,
n'algebra abstrata, disforme,
dos sonhadores, crédulos devários,
oh, mapa da porta do inferno.


fui levado à seu umbral,
sombras desastram o percurso,
horrendo credo...
fantasmas tomam o mesmo curso.


cavalos murmuram,
em áspera fala,
pesadelo trevoso... demente,
passa enfim, aos corredores,
ào seguir de suas portas...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Doce veneno

Ao lado d’um cálice derramado a vida já não deve mas o brilho
O silêncio tornou-se perturbador e clamou os dias esquecidos,
um lúgubre jardim sem vida brotou espinhos e desilusões, o veneno
não cicatrizou suas dores e o vermelho tão doce misturou-se ao sangue
que ainda quente se despediu da vida.
Tão mórbido como os últimos momentos agora é seu paraíso dormente, tua eterna dor não será enterrada, tua angustia escrita em velhas paginas, tão escuras quanto à solidão, será tua nobre companhia.
Agora uma alma solitária vinda de uma vida solitária “alguém ame-me, alguém mate-me” exilado em meio aos sentimentos perdidos sem ter conhecido a companhia leal; num paralelo infinito d’uma metáfora egocêntrica, não teve duvidas ao escolher o destino da penumbra, onde sozinho ficará calado junto as folhas secas que o inverno não perdoou.
O suicídio não foi uma escolha, apenas um único caminho de um circulo sem um inicio e sem um fim.