quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O lamento dos inocentes

Vivo cada passo como manda o pesadelo
Caminho cada instante como um servo do desespero
Vejo o agonizar da aurora nessa nota mal tocada
Sinto o caminhar da morte como manda a madrugada.

Minh'alma encontra-se mergulhada em uma eterna espera pelo fim,
Inerte nessa ópera mau ensaiada.
Vejo-me dentro de um lamento infantil
Lamento de uma criança frustrada.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

E se um dia eu pudesse inflamar minha alma como uma fênix que alasse por sobre o mundo e incendiasse todos os corações expurgando-os: tornaria-me o Senhor das Paixões. Ou, senão, fosse uma negra nuvem pairando no céu, tapando o sol e tornando o dia uma gélida noite; onde minhas gotas de lágrimas e sangue precipitassem: tornar-me-ia o Senhor dos Flagelos. Ainda que eu fosse só um mar revolto, atormentado pela busca ansiosa de tomar a Lua para si, engolfando navios e pescadores de ilusões: tornar-me-ia o Senhor das Decisões. Se meu povo me idolatrasse (sim, me idolatrassem), se me vissem como um pseudo-mártir e orassem, construiria uma igreja e pregaria o meu nome: tornar ia-me o Senhor dos Homens. Mas ainda que eu fosse o Senhor dos Senhores, que eu detesse o poder das Decisões, o sufrágio dos Flagelos, ou o cupido das Paixões, eu jamais me tornaria o Senhor do Seu Coração. Quando a tristeza vier ao seu Encontro, deixe sair dos olhos uma lágrima, da boca um sorriso e do coração.

domingo, 3 de outubro de 2010

Emergiu da névoa a noiva
envolta num véu negro de luto.
Cantava cantigas funestas
caminhava para seu própio sepulcro.

A noiva deitou-se nua na pedra
entregue ao anjo fajuto.
Demônio de enxofre, elemento bruto,
rasgou-lhe o véu negro de luto.

Sentia-se semi-morta a suspirar.
Suspiro de despedida da vida, luto.
A noiva deixou-se morrer, morta está
matou-a o demônio de enxofre, anjo fajuto.